(Ensaio ao entardecer)
A liberdade é tanto um direito adquirido, como devido a cada pessoa,
Como a omissão desta ou a sua apropriação pela força,
É um desequilíbrio emocional, que tem tudo a ver com o individuo,
Nunca com o conjunto de formas porque se rege uma sociedade,
Quer sejam elas pela partilha de ideias ou ideologias, ou simplesmente
Pelos afectos exacerbados ou egoístas, isso, e não outra coisa, é a desculpa mais ignóbil e cobarde
Para basearmos as nossas escolhas, ante o que será a opinião a formar pelos outros,
No que a cada um de nós disser respeito, ao que acabámos por decidir, assim como
É muito mais fácil conduzir um rebanho, que a um único personagem.
Temos assim que, tal como a liberdade é um direito nosso, também
Passa por reconhecermos que ela é, acima de tudo, uma obrigação:
A obrigação do uso que lhe queiramos dar.
De que têm medo as autoridades, quando o povo faz uso pleno dessa liberdade?
O de a expressarmos livremente, de forma conscienciosa, podendo ainda contrapor
Ao estabelecido, como conjunto, ou porque a tomam por um confronto pessoal, como àquele
Nosso vizinho, a quem invejássemos por incapacidade nossa?
Vejamos antes assim: um conjunto de pessoas, é um conjunto de liberdades próprias,
No respeito e pela obrigação de cada individuo, no emprego desse direito, a meio a tantos outros Também devidos.
Jorge Humberto
(27/12/2003)